terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Amor em Conflito- Norman Geisler & Josh McDowell

Deus é amor, e o amor VEM de Deus. Portanto, em Deus, não há conflito de amor. Existe uma perfeita harmonia entre Deus Pai – o grande Agente do Amor – Seu Filho amado e o Espírito de Amor. Mas na Terra a história é diferente. Os vários deveres do amor algumas vezes entram em conflito uns com os outros até para os que estão mais decididos a amar como Cristo amou. As responsabilidades do amor se sobrepõem e os deveres se chocam, provocando tensão. Outras vezes dois ou mais mandamentos são conflitantes. Como decidir entre eles? Em outras ocasiões, nenhuma das opções abertas para nós parece a coisa amorosa a fazer. Onde buscar as respostas? Esses dilemas põem à prova nosso compromisso de amar.
O povo de Deus na Bíblia enfrentou freqüentemente dilemas éticos, nos quais a escolha amorosa era de difícil discernimento. Por exemplo:

§ Para o patriarca Abraão matar seu filho é errado, assim como desobedecer a Deus. Como decidir o que fazer quando Deus lhe dá ordem para oferecer Isaque como sacrifício humano? (Veja Gênesis 22.)

§ Deus ordena obediência ao Faraó do Egito, mas este manda que as crianças inocentes dos israelitas sejam mortas. Como as parteiras decidiram o que fazer? (Veja Êxodo 1.)

§ A Bíblia proíbe a mentira, mas os espiões de Israel serão mortos se Raabe revelar o esconderijo deles para os soldados que estão investigando. O que ela deve fazer? (Veja Josué 2.)

§ A rainha dá ordens para que todos os profetas de Deus sejam mortos. Mas Obadias desobedece e esconde cem deles. Obadias está agindo com amor? (Veja 1 Reis 18.)

§ Abraão teme pela segurança da sua esposa e diz que ela é sua irmã ao rei. A mentira de Abraão é uma atitude de amor? (Veja Gênesis 20.)

§ O homicídio é proibido por Deus. Mas o rei Saul está mortalmente ferido e ordena que seu escudeiro o livre do sofrimento. O servo estava certo em matar o seu rei? (veja 1 Samuel 31.)

Estas situações podem parecer remotas e distantes das experiências contemporâneas. Afinal de contas, sacrifícios, monarcas em guerra e costumes bastante primitivos não fazem parte da nossa cultura. Mas nós também temos a nossa cota de conflitos de amor que não são menos ambíguos e desafiadores. Por exemplo, como você agiria com amor quando:

· os mandamentos dizem que não devemos matar, mas o governo do seu país o manda ao campo de batalha pala defender a democracia?
· como adolescente cristão, seus pais o proíbem de servir a Deus ou de falar com outros cristãos?
· sua mulher sofre complicações graves no parto e está quase morrendo, você tem de escolher entre salvar a vida dela ou a de seu filho?
· uma colega de trabalho o faz jurar segredo e depois confessa que está roubando dinheiro da empresa?
· seu avô de noventa anos, sofrendo de dor contínua e torturante por causa de uma doença terminal, pede que você lhe dê comprimidos suficientes para levá-lo "aos braços de Jesus e à paz eterna"?
· um indivíduo enlouquecido pelas drogas entra no restaurante onde você se encontra com seus pais, mulher e filhos e começa a atirar selvagemente, e você pode matá-lo ou atirar-se na linha de fogo para salvar outros?
Estes exemplos tocam apenas superficialmente em uma enormidade de dilemas éticos que testam a nossa compreensão e compromisso no que diz respeito ao amor. Em muitas situações desse tipo, a escolha mais amorosa nem sempre é óbvia. Como decidir o que fazer?

BECOS SEM SAÍDA PARA RESOLVER OS CONFLITOS NO AMOR

Alguns crentes sugeriram maneiras diferentes para resolver a questão do amor em conflito. As seguintes respostas talvez pareçam oferecer um caminho claro para uma solução bíblica, mas acabam sendo becos sem saída no esforço de praticar o amor na vida real.
Só existe um dever absoluto de amam portanto não há conflito. Esta linha de pensamento declara que são necessários dois absolutos para que haja um conflito absoluto. Mas, desde que há um único dever absoluto no amor, então todos os conflitos são aparentes e não reais. Em todas as situações só existe um dever absoluto: Tome a atitude mais amorosa possível.
Esta é uma abordagem simples e direta, livre do peso de vários mandamentos éticos que em geral parecem estar em conflito entre si. Ela também preserva a natureza absoluta do amor e instrui o crente a simplesmente dar a resposta mais piedosa e amorosa. Ela é também de ampla aplicação. A regra geral é amar, mas o significado particular do amor será determinado pela situação específica.
Esta abordagem, porém, não resolve os dilemas éticos. Primeiro, não existe apenas um dever absoluto de amar, mas pelo menos dois: amar a Deus e amar ao próximo. Como Abraão descobriu, ao ver-se preso entre Deus e seu filho Isaque, esses dois deveres algumas vezes entram em conflito. Não é possível dizer que amar a Deus é um absoluto e amar as pessoas não é. Ambos são ordenados por Deus.
Além disso, a ética de um só absoluto é demasiado geral para ser significativa. Dizer-nos para fazer a coisa mais amorosa possível sem explicar como podemos determiná-la deixa-nos num dilema. Sem os mandamentos e o exemplo de Cristo, os cristãos não saberiam quais são realmente as obrigações absolutas do amor, para não dizer nada da habilidade para cumpri-las. Ficamos à mercê de nossas intuições e conjeturas.
Outra linha de pensamento sem saída declara: Os conflitos morais são falsos dilemas porque Deus sempre provê uma saída, uma terceira opção. Os cristãos que aceitam isto asseveram que Deus é fiel em relação aos que são fiéis à Sua lei e num conflito (tentação) aparente sempre "vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar"(1 Cor. 10:13). Deus interferiu e salvou Abraão da necessidade de matar Isaque e Ele fará o mesmo por qualquer outro que seja fiel aos Seus mandamentos.
Essas pessoas citam incidentes como o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial para provar que Deus oferece uma saída para os dilemas morais quando os indivíduos se comprometem a obedecer aos Seus mandamentos. Soldados alemães invadiram uma casa de simpatizantes da causa judia, onde os judeus eram escondidos debaixo do assoalho. "Vocês estão escondendo judeus aqui?", perguntaram os soldados. Uma criança que fora ensinada a nunca mentir deixou escapai: "Sim, senhor, eles estão debaixo da mesa". Em vez de procurar um alçapão, os soldados riram dizendo: "Isso é ridículo. Não há ninguém em baixo da mesa". Eles foram embora, poupando milagrosamente os judeus, apesar do esconderijo deles ter sido revelado. "Deus proveu uma saída para as judeus e seus hospedeiros quando a verdade foi revelada", dizem alguns, "e Ele fará o mesmo por nós".
Esta opinião é louvável á primeira vista, pois confirma a existência de muitos mandamentos absolutos de amor na Escritura e não só uma norma virtualmente sem sentido e irrelevante. A suposição é esta: se Deus emitiu ambos os mandamentos supostamente conflitantes, Ele espera que obedeçamos aos dois e nos ajudará a cumpri-los sem pecar.
Será que todos os conflitos são apenas aparentes e não reais? Haverá sempre uma terceira opção em cada dilema? A evidência é contrária. Abraão não teve de matar o filho, mas ele pretendia fazer isso e Jesus ensinou que a moral é uma questão de intenção (Mat. 5:21,22,27,28). As parteiras hebréias salvaram a vida das crianças, mas tiveram de desobedecer ao governo para isso. Os pais de Moisés esconderam o filho pequeno em vez de entregá-lo ao carrasco do Faraó como ordenado. Eles não foram repreendidos por Deus pela desobediência que assumiram, mas elogiados pela fé que tiveram (Heb. 11:23).
Este ponto de vista supõe também que todos os mandamentos sejam equivalentes. Mas não são. O amor a Deus é o "grande e primeiro mandamento" (Mat. 22:38). O segundo mandamento, amor pelo próximo, é semelhante ao primeiro, mas não equivalente a ele (v. 39). Há ocasiões em que o amor a Deus entra em conflito com o amor pelas pessoas e, nesses casos, o amor por Deus deve vir em primeiro lugar. Se e quando Deus provê milagrosamente um meio de acomodar ambos, devemos ser gratos. Mas a história revela que Deus nem sempre responde desta forma. O povo de Deus teve de escolher muitas vezes entre obedecer a Ele ou às pessoas – e Deus honrou essas escolhas.
Outra maneira errada de pensar declara: Quando não podemos evitar a quebra de um mandamento para obedecer a outro, devemos simplesmente escolher o menor dos dois males. Este ponto de vista impele-nos a escolher sempre a opção menos desamorosa possível em face de um conflito moral. É claro que, se quebrarmos um mandamento de Deus em qualquer circunstância, estamos pecando. A providência de Deus nem sempre nos oferece um meio de fugir do pecado; mas damos graças porque o amor de Deus provê perdão para os que confessam. Os apóstolos então, evidentemente, terão de confessar seu pecado de desobediência ás autoridades judias, a fim de obedecer ao mandamento de Deus para pregar. O jovem que precisa escolher entre obedecer a Deus ou aos pais deve obedecer a Deus e, ao mesmo tempo, pedir e receber o perdão de Deus por violar o quinto mandamento.
Esta abordagem contém alguns pontos que precisam ser analisados com mais cuidado. Primeiro, um Deus onisciente e cheio de amor julgaria alguém culpado por fazer o que era inevitável? Se a nossa escolha for o menor entre dois males, será justo que Deus nos culpe por fazer o melhor que pudermos? Dificilmente. Parece incoerente, de acordo com a natureza de Deus como revelada na Escritura, estabelecer mandamentos absolutos mas conflitantes e depois nos declarar culpados por escolher um deles, mesmo que seja a melhor escolha. A pessoa só é culpada se a sua atitude for evitável.
Segundo, se até mesmo a escolha num conflito moral for pecado, o que isso diz sobre a impecabilidade de Cristo? Por exemplo, Jesus confirmou o mandamento para honrar pai e mãe (Mat. 15:4; 19:19). Mas, em pelo menos uma ocasião, Ele deixou Sua mãe esperando para vê-Lo por estar ocupado servindo outras pessoas (Mat. 12:46-49). A fim de obedecer ao Pai e oferecer Sua vida como sacrifício pelo pecado, Jesus teve de deixar a mãe aos cuidados de outros (Jó 19:25-27). Em situações desse tipo e talvez em muitas outras, Jesus desobedeceu ao menor dentre dois ou mais mandamentos conflitantes. Ao fazer isso, Ele então pecou – o que as Escrituras rejeitam absolutamente (Heb. 4:15), ou não existem situações que exijam um mal menor. Há sempre um bem positivo possível em cada escolha moral, e escolher o bem maior transcende qualquer obrigação de fazer o bem menor.
Terceiro, desde que Deus nos chama para a obediência e santidade, por que Ele nos colocaria numa situação em que todas as escolhas são erradas? Não faz sentido dizer que somos moralmente obrigados a fazer o mal menor. Isto significaria que é certo agir errado, é certo pecar, e isso não é bíblico.

OPTE SEMPRE PELO BEM MAIOR

O amor nunca fica preso a um dilema. Há níveis e esferas de amor, e um é sempre superior ao outro. Cada mandamento de amor é absoluto em sua área. Mas, quando essa área se sobrepõe à outra, então a menor responsabilidade de amar deve ficar subordinada à maior. Por exemplo, quando as duas estão em conflito, o dever para com Deus tem prioridade sobre o dever para com as pessoas, como demonstrado no exemplo de Abraão e seu filho Isaque. As parteiras hebréias obedeceram à obrigação maior de salvar vidas humanas, sobrepondo-a à de contar a verdade ao rei que procurava matar as crianças.
Cada um dos mandamentos absolutos da Bíblia é obrigatório para a relação que especifica. O adultério é sempre errado. O assassinato nunca é certo por si mesmo. A mentira é universalmente errada como tal. Todavia, quando uma ou mais dessas relações, que são erradas em si mesmas, se sobrepõem a outra, nosso dever com a menor pode ser suspenso em vista de nossa responsabilidade com a maior. Por exemplo, se você acorda e encontra um ladrão armado com uma faca em seu quarto, a proibição de matar é suspensa em favor da obrigação de proteger sua mulher e seus filhos. Não existe exceção para os mandamentos absolutos, mas existem algumas isenções em vista das prioridades superiores do amor. Há sempre um bem maior.
Além disso, como Deus nos deu muitas leis definindo a natureza e as áreas do amor, podemos saber antecipadamente o que fazer numa dada situação. Isto coloca a ética do amor para o cristão em oposição direta à ética situacionista. A ética situacionista afirma que a situação determina a atitude amorosa a tomar. A ética do amor de Deus prescreve antecipadamente o que deve ser feito em cada situação, mesmo quando os mandamentos estejam em conflito. Devemos sempre optar pelo bem maior.
O fato de haver bens maiores e menores está claro na Escritura. Jesus falou dos "preceitos mais importantes da lei" (Mat. 23:23). A justiça e a misericórdia pesam mais na balança de Deus do que a contribuição, embora a lei exigisse ambas as coisas (Mat. 23:23). Ajudar alguém necessitado, tal como a tarefa de alimentar os famintos ou curar os doentes, era mais importante para Jesus do que guardar o sábado (Mat. 12:1-5).
Os dois grandes mandamentos de Jesus revelam bens maiores e menores. O amor a Deus é um bem maior do que o amor pelas pessoas (Mat. 10:37). O seu amor por Deus pode levá-lo a desobedecer ao governo se este ordenar que você cometa pecado, mas o amor pelo seu país nunca deve levá-lo a desobedecer a Deus em nenhuma circunstância. O amor pela família é um bem maior do que o amor pelos estrangeiros (1 Tim. 5:8). Ajudar os crentes é um bem maior do que prover para os incrédulos (Gál. 6:10). No próximo capítulo, vamos discutir uma lista mais detalhada dos bens maiores e menores sugeridos na Escritura.
Todo o conceito de recompensas está alicerçado na premissa de que algumas atividades são melhores do que outras. Na parábola de Jesus sobre os dez servos, o que foi mais bem-sucedido ficou encarregado de dez cidades; o que não se saiu tão bem recebeu cinco cidades (Luc. 19:12-26). Paulo escreveu aos fiéis: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo" (2 Cor. 5:10). Alguns vão receber uma coroa, e outros não (Apoc. 3:11). As obras de alguns provarão ser "ouro, prata, pedras preciosas", enquanto as de outros se assemelharão a "madeira, feno, palha" (1 Cor. 3:12). A cada dia temos oportunidades para escolher bens maiores ou menores pelos quais vamos receber recompensas maiores ou menores.
Assim como há bens maiores e menores, há também males maiores e menores. Todos os pecados são pecado, mas nem todos os pecados são igualmente pecaminosos. Tiago escreveu: "Qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos" (Tia. 2:10). Ele estava falando da unidade da lei e não da igualdade do pecado. Tiago reconheceu bens maiores e menores quando sugeriu que os professores da Palavra são mais responsáveis do que os que não são professores (Tia. 3:1). Jesus indicou que ter pensamentos adúlteros é tão errado quanto cometer um ato de adultério. Mas o ato é um mal maior do que o pensamento porque causará mais impacto sobre mais pessoas do que o pensamento.
Há, portanto, uma escala que mede o bem e o mal. Alguns atos são melhores e outros piores. De fato, Jesus falou de um "maior pecado" (João 19:11). O bem e o mal estão classificados numa pirâmide, com o melhor no alto, o pior em baixo, e graus variados de bem e mal no meio. Alguns atos imorais são mais viciosos do que inúmeros outros atos perversos. Por exemplo, um ato brutal de homicídio pode ser pior do que muitas mentirinhas. Portanto, sempre que enfrentamos um conflito entre boas alternativas ou entre o bem e o mal, o curso de ação moralmente certo é sempre o bem maior ou a resposta mais amorosa. De fato, optar por algo menor que o bem maior pode ser errado. Por exemplo, se um homem salvasse duas pessoas de morrerem afogadas, mas pudesse ter salvado cinco com a mesma facilidade, o bem praticado por ele teria sido manchado pelo pecado. Tiago declarou: "Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando" (Tia. 4:17).
Uma vez que os atos morais têm valores diferentes, é necessário que os cristãos pesem as alternativas para o amor, a fim de escolher o bem maior ou a resposta mais amorosa. Esta é em geral uma tarefa difícil, mas não impossível quando conhecemos a escala divina de valores da Escritura.
A base para determinar bens maiores ou menores é o maior de todos os bens: Deus. Desde que não podemos perguntar diretamente a Deus, temos de encontrar a bondade absoluta na Sua lei e no Seu Filho, que nos são apresentados na Bíblia. A Palavra de Deus é o critério para medir bens maiores e menores. O valor de um ato é então determinado por quão semelhante a Cristo e a Deus ele é. As prioridades éticas são determinadas por quão próximas ou quão distantes elas estão do amor absoluto encontrado na lei de Deus e na vida de Cristo. Quanto mais semelhante a Cristo é o ato, tanto maior o bem; quanto mais próxima a semelhança do amor perfeito de Deus, tanto mais amorosa ela é.
Esses conceitos destacam uma importante diferença entre a ética absoluta do amor e muitas outras éticas contemporâneas. A ética cristã é determinada pelas regras reveladas e não pelos resultados esperados. Em muitos círculos, é comum determinar o que está eticamente certo, avaliando o que trará o bem maior para o maior número de pessoas a longo prazo. Essa teoria, chamada utilitarismo, foi iniciada pelo filósofo Jeremy Bentham e desenvolvida por John Stuart Mill em princípios do século dezenove. Ela parece boa, mas as diferenças entre a abordagem utilitária e a cristã para determinar o bem são cruciais.
Primeiro, os utilitaristas enfocam os resultados desejados e planejam reagir em conformidade a estes. Os cristãos enfocam a resposta mais amorosa, como revelada nas regras e nos princípios da Escritura, deixando os resultados a longo prazo nas mãos de Deus. Nós não determinamos a regra pelos resultados; os melhores resultados possíveis ocorrerão, entretanto, quando obedecermos à regra já estabelecida por Deus.
Segundo, as regras de Deus para determinar o bem supremo são absolutas; as regras utilitaristas são generalizações baseadas em experiências anteriores que alcançaram os melhores resultados. os princípios da ética cristã são alicerçados na natureza e na vontade de Deus, sendo então universalmente aplicáveis e absolutamente obrigatórios. As regras utilitaristas estão sujeitas a exceções não especificadas que justificarão os resultados.
Terceiro, para os utilitaristas, um ato é bom somente se tiver boas conseqüências. Para os cristãos, um ato só é bom se cumprir os mandamentos de Deus separadamente das conseqüências. Por exemplo, se um indivíduo falhar nas suas melhores tentativas de salvar alguém que se está afogando, os utilitaristas diriam que não foi um ato bom, porque falhou. Para os cristãos, a tentativa amorosa é boa resulte ou não em salvamento.
Os cristãos gozam de várias vantagens sobre os utilitaristas. Não determinamos o que é certo ou errado; Deus já tomou a decisão e revelou-a na Sua Palavra. Nós só decidimos que pensamento ou ação estará de acordo com o que Ele revelou ser correto. Além do mais, não temos de descobrir qual a coisa amorosa a fazer numa situação de conflito. Deus já revelou as Suas prioridades amorosas na Escritura. Finalmente, não temos de adivinhar os resultados a longo prazo baseados na experiência humana, a fim de determinar o melhor curso de ação. Nós simplesmente agimos de acordo com a revelação de Deus e permitimos que Ele cuide dos resultados a longo prazo.

FAZENDO A NOSSA PARTE

A ética do amor cristão não é um programa de computador que emite respostas para conflitos de amor sem requerer nenhum esforço ou decisão da nossa parte. Pelo contrário, são necessários muita dedicação e esforço para escolher sempre o melhor bem e a resposta mais amorosa. Devemos encher a mente e o coração com as Escrituras, a fim de conhecer a natureza e o amor de Deus, Suas leis e a vida exemplar do Seu Filho. Jesus acusou os religiosos da Sua época: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mat. 22:29). Quanto mais você assimila a Palavra de Deus, tanto mais preparado estará para discernir as escolhas certas nas situações de conflito.
Devemos também pesar as alternativas, em espírito de oração, para descobrir o curso de ação que esteja mais de acordo com os mandamentos bíblicos. Esta não é uma tarefa que você pode delegar aos seus pais, líder de estudo bíblico ou pastor. A decisão é sua, e você deve então considerar as opções e pedir orientação a Deus nas Escrituras e mediante oração pessoal. A seguir, você deve colocar em prática a sua decisão. Apenas saber o que é certo não basta; é preciso tomar as providências necessárias para transformar a ética em ação.
Qual o papel do Espírito Santo nesse processo? É o Espírito Santo quem nos revela a verdade e nos capacita a praticá-la (João 16:13). Sem os princípios revelados pelo Espírito para agirmos e sem o poder dEle para praticarmos o que é certo, não pode haver ética cristã. Sabemos que o Espírito de Deus não irá guiar-nos separadamente da Palavra de Deus ou em conflito com os preceitos nela incluídos. A verdade que Deus revela pelo Seu Espírito é a contida nas Escrituras. A Bíblia é suficiente pala a fé e para a prática; ela é a revelação completa do amor absoluto de Deus (2 Tim. 3:16-17). Não enfrentamos situações morais para as quais não encontramos princípios na Palavra de Deus. O papel do Espírito Santo é iluminar a verdade de Deus para nós, a fim de podermos tomar as decisões certas. Ele faz isso lembrando-nos de um princípio bíblico que talvez tenhamos esquecido, dirigindo-nos a um principio que ainda não tenhamos descoberto, ou dando-nos novo discernimento em relação a princípios que já estejamos usando.
Em todos esses casos, porém, o Espírito Santo nos conduz à Bíblia para que obtenhamos a resposta. Em caso algum devemos ir além ou desviar-nos do que está escrito na Palavra de Deus. Essa é a maneira de Ele ajudar-nos a discernir a praticar o maior e mais amoroso bem até mesmo nas situações mais difíceis.

PERGUNTAS DIFÍCEIS E RESPOSTAS DIRETAS SOBRE O CONFLITO NO AMOR

E o poder milagroso de Deus? Não podemos esperar que Ele interfira nas situações em que a amor entre em conflito?
Deus é Todo-Poderoso e cheio de amor, mas Ele não é o nosso gênio da garrafa, esperando para livrar-nos de todo problema ou dilema moral. A presença constante de Deus nos é prometida (Mat. 28:20), mas em ponto algum da Escritura temos a promessa de que Ele irá sempre intervir e salvar-nos dos conflitos morais. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego compreenderam isso, dizendo ao rei Nabucodonosor: "Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste" (Dan. 3:17-18; ênfase acrescentada).
Esperar um milagre em cada situação difícil transfere para Deus a responsabilidade de nossas escolhas e atos, algo que Ele não planejou. Trata-se de uma mentalidade que sugere: "Sempre que estiver em perigo, aposte em Deus". Temos a Sua Palavra para nos dirigir e o Seu Espírito para nos encorajar e consolar. Estes são milagres em si mesmos e estão sempre ao nosso dispor. Nunca devemos basear uma decisão presente sobre a possibilidade de Deus operar um milagre espetacular no futuro. Isso eqüivale a tentar a Deus, algo que jamais devemos fazer (Mat. 4:7). Pelo contrário, devemos usar os recursos que Ele já nos deu e confiar na Sua presença enquanto avançamos em meio às dificuldades e aos dilemas da vida.

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